21 de novembro de 2007

Duplo prémio para investigadora lusa

Novos avanços na compreensão da divisão celular

2007 é uma época que Mónica Bettencourt Dias não irá esquecer: aos 34 anos, acaba de vencer o Prémio Eppendorf para Jovem Investigador Europeu e o Prémio Crioestaminal 2007. Soma-se ao Prémio Pfizer de Investigação Básica 2007, em parceria com Ana Rodrigues Martins, e à publicação de um artigo de que é co-autora na revista norte-americana ‘Science’.

A investigadora do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) ficou incrédula quando lhe telefonaram da Alemanha a dizer que era a vencedora da edição deste ano do Prémio Eppendorf, atribuído em parceria com a revista britânica ‘Nature’: “Na lista de vencedores anteriores estão nomes muito importantes. Nunca pensei ser escolhida”. Pela primeira vez desde a sua criação, em 1995, o prémio veio para a Península Ibérica. O galardão que Mónica Bettencourt Dias foi receber anteontem a Dusseldorf é um “prémio de carreira” para cientistas europeus da área da biomedicina, com menos de 35 anos.

O Prémio Crioestaminal em Investigação Biomédica, que receberá na próxima quarta-feira, é atribuído pela Associação Viver a Ciência e incentiva investigação básica desenvolvida em Portugal. Estes 20 mil euros reforçarão o projecto que Mónica lidera, cujo objectivo é perceber como se estruturam e dividem as células, o que pode dar pistas no combate ao cancro.

Mónica começou a estudar a multiplicação das células, mecanismo cuja disfunção pode originar tumores, na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, onde investigou cinco anos. Em Outubro passado montou laboratório no IGC. Desde então identificou várias moléculas envolvidas na multiplicação das células e desvendou alguns dos segredos do centrossoma, uma microestrutura no interior da célula. O objectivo é continuar a “investigar novas moléculas envolvidas na formação do centrossoma”, pois tanto a ausência como o excesso desta estrutura estão associados a doenças variadas.

Cada uma das nossas células tem um só centrossoma que, segundo se supunha, servia de modelo ao novo centrossoma, de cada vez que a célula se dividia. O trabalho publicado em Maio na ‘Science’ mudou um paradigma com mais de um século. Mostrou que os centrossomas se podem formar mesmo sem modelo, desde que haja aumento de actividade da proteína SAK.

A expectativa é que a continuação destes estudos leve a novos métodos de diagnóstico e ajude a combater o cancro, outras doenças e até a infertilidade.

Maria Simões

Fonte: http://semanal.expresso.clix.pt/1caderno/pais.asp?edition=1829&articleid=ES272679

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